Lucien Israel – Será a psiquiatria de amanhã comportamentalista e a psicanálise reduzida a algumas formas repetitivas? Segundo alguns, poder-se-ia hoje acabar com a histeria, talvez até com as neuroses, retificar as condutas e responder ao desejo, saturando-o de objetos a consumir. Aqui é sustentado que a psicanálise provém primeiramente da tradição oral e que é hora de propor uma concepção mais ampla da neurose à medida que o patológico não diz tudo dela.
A ANÁLISE E O ARQUIVO – ELISABETH ROUDINESCO
A análise e o arquivo reúne três conferências da historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco. A primeira conferência, dedicada ao filósofo Jacques Derrida, explora as consequências do poder do arquivo como fonte histórica. A segunda acompanha o pensamento de Jacques Lacan e retraça a genealogia de seu célebre artigo sobre o estádio do espelho. A terceira aborda criticamente o surgimento, no final do século XX, de um “arquivo de si” – o chamado o culto do narcisismo. Com a habitual clareza, Roudinesco – cuja voz é cada vez mais ouvida por psicanalistas, historiadores e filósofos contemporâneos – aponta nesse livro a ambiguidade e o relativismo do arquivo, fazendo um alerta contra a manipulação não só da história da psicanálise, como da história humana.
FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE DE FREUD A LACAN – VOL.2 A CLÍNICA DA FANTASIA
Marco Antonio Coutinho Jorge – Isolando de modo inédito um período fértil na obra de Freud, Marco Antonio Coutinho Jorge mostra a importância do conceito da fantasia na psicanálise. Para isso, analisa filmes, contos, poesias, pinturas, músicas e peças de teatro – produções artísticas onde a fantasia humana mais se revela. O conceito de pulsão de morte é explicado, por exemplo, a partir do filme O exterminador do futuro, enquanto o de despertar para o real se apoia em textos de Clarice Lispector. Com a mesma originalidade, utiliza casos da clínica analítica e observações da vida cotidiana, além de fatos que marcaram a história, como o atentado às Torres Gêmeas.
A ANGÚSTIA E O DESEJO DO OUTRO – DIANA RABINOVICH
A angústia diante do desejo do Outro é, afirma Lacan, a única tradução subjetiva do objeto a, esse ser de falta que, enquanto objeto causa do desejo, é todo falasser. Essa formulação acarreta uma nova perspectiva a respeito da presença do sujeito na clínica. Para definí-la, podemos guiar-nos por esse fio condutor, essa bússola, frequentemente ignorada, que é, na teoria lacaniana, Inibição, sintoma e angústia. Essa bússola permite precisar a operatividade na experiência analítica do objeto a e do S1, na dimensão que se abre entre a causa do desejo e o redobramento do S1 no nó borromeano de quatro. São esses os eixos centrais das conferências incluídas nesse livro, que giram ao redor do comentário dos Seminários X, XXII e XXIII e do artigo dos Escritos “Formulações sobre a causalidade psíquica”.
PSICANÁLISE E TEMPO – O TEMPO LÓGICO DE LACAN ÉRIK PORGE COMPANHIA DE FREUD
Quantos irmãos você tem?” “Tenho três irmãos, Pedro, Paulo e eu”, responde a criança. Este “erro” não deve ser relegado ao nível de um estágio infantil qualquer, mas surge da dificuldade para o sujeito de se contar como tal. O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada é o primeiro (e o mais depurado) dos textos de Lacan a abordar essa questão, articulando temporalmente e segundo uma lógica do ato, uma multiplicidade de sujeitos com a unicidade de um sujeito que enuncia: desse modo ele renova a concepção freudiana do indivíduo e do social com a noção de uma identificação ‘horizontal’ ao grupo. Acompanhar, passo a passo, a problemática das duas versões (1945 e 1966) deste texto que Lacan chama ‘meu pequeno sofisma pessoal’ e a de suas numerosas retomadas permite cifrar a contagem do sujeito. Mas esta se terá efetuado sem erro?